domingo, 15 de julho de 2007

Vi e não gostei: Abertura do Pan


Me desculpem mesmo pelo que vou escrever aqui, mas tenho que faze-lo. Vendo a abertura do PAN na última Sexta, pude chegar a algumas conclusões:

1º) Realmente não estavamos preparados para oferecer um espetáculo a altura de outros eventos do tipo, independente do tempo que tivemos para prepará-lo. Temos de ser realistas e reconhecer que a festa foi feia, simples e em determinados momentos, bizarra. Quem já assistiu alguma abertura de olimpíada (ok, aqui não é olimpíada, mas difere apenas na qtd de participantes. A importância esportiva é a mesma), deve ter sentido a diferença. Independente disto, nada justifica aquilo. Nessas horas, devemos lembrar da fortuna que esse pan movimentou para ser erguido... Recebi um e-mail de um amigo que destrincha todo o relacionamento entre governo e o setor privado para o pan e tenham certeza de muita mamata rolou... E daí, mesmo com todo o dinheiro gasto, o que vimos foram poucos especiais (sim, algo bonito e encantador de se ver), uns fogos de artifício aqui e acolá, fantasias pobres e simples, numeros musicais bisonhos (Chico Cesar com Violino foi o cúmulo), isso sem falar na bobeira que foi aquela tocha passeando de mão em mão no estádio (imagina vc no público, lá do alto da arquibancada, vendo uma formiguinha correndo com um foguinho na mão, sem nada para ilustrar a grandeza daquilo). Enfim, uma decepção.
2º) Ainda não sabemos "vender" a imagem do nosso país lá fora. Se algúem lá fora não sabia que aqui tinha carnaval, com essa abertura definitivamente ficou sabendo; Acho que o que mais incomoda o Brasileiro é ser estereotipado. Lá foram pensam que aqui só tem Café, Carnaval, Futebol, Praia e Samba. Pois é, na trilha sonora desta abertura o samba ganhou disparado. Tudo aqui é motivo para batucada, e lá não foi diferente. Não dava para mostrar que temos outras coisas além disso, ou melhor, de que somos capazes de fazer algo diferente? Além disso, em alguns momentos o Maracanã parecia a Marques de Sapucaí, com um quase desfile, com fantasias e alegorias.
E quando não era Samba, eram aquelas musicas antigas (marchinhas, Chico Buarque, até o Guarani do Carlos Gomes) que constrastam enormemente com a modernidade dos tempos atuais. Elas têm sua importância e valor, com certeza, mas podíamos ter feito algo mais bonito, mais adequado de se ver e de ouvir também.
3º) O público foi soberbo em alguns momentos, mas simplesmente 3º mundo em outros. Ou seja, ainda não alcançamos os requisitos necessários para plena civilidade.
Nota dez para o público que vaiou o Lula. Isso é o reflexo do que ele é frente a um público mais esclarecido, e não frente aos mais pobres do Norte / Nordeste do Brasil que dependem do esmola famíla para viverem, e já se acostumaram a ele.
Nota Zero para o público que respondia com "Oi" ao "Hoy" (Hoje, em Espanhol) quando citado no início do discurso de um dos organizadores do pan. Por duas vezes ouvimos o Hoy do discurso sendo saudado com um OOOOiiiiiiiii da platéia... lamentável. Mas não podemos criticar o povo somente: mesmo sendo uma língua tão importante quanto o Inglês hoje a nível mundial, nínguém ali era obrigado a saber espanhol. Se não temos escolas que ensinem o Português, nossa língua mãe, que dirá outras. Mas que em boca fechada não entra mosca, não entra.
Para fechar, um esclarecimento: não sou contra o pan e nem esporte. Sou contra ao modo em que o evento foi idealizado e conduzido, com a tradicional bagunça e gatunagem que existem em tudo que é feito nesse país. Se as coisas por aqui não fossem tão "nas coxas", poderiamos ver esse pan como um marco duradouro, não como um evento que gerou dinheiro para muita gente e que, ao acabar, vai nos jogar na mesma situação em que estavamos antes. Ou vcs acham que o Rio continuará tão seguro como hoje?


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