Coisas do Rio
Andar de ônibus no Rio de Janeiro sempre é uma aventura. Talvez isto ocorra no mundo todo, mas aqui temos um diferencial: os Cariocas. Ontem peguei um onibus onde aconteceu aquilo que é típico daqui: estresse, bate boca, impaciência, trânsito infernal, tudo junto com bom humor. Por mais insólito que pareça, no meio da situação ainda deu para dar umas boas risadas.
Peguei a condução de volta para casa do centro da cidade no fim da tarde e encontrei um ônibus já muito cheio. Como ia saltar bem antes do destino final, fomos (eu e minha irmã) para o fundo do coletivo (ainda se fala isso?). 1º problema: muita gente estava na mesma na mesma situação, e por isso a frente do onibus estava vazia, enquanto o fundo já estava abarrotado. Como não tinha jeito, lá ficamos. O tempo passou e mais gente foi chegando, até que veio um sujeito, camisa do Flamengo, baixinho, com pinta de pertencer a parte Norte do país (nada contra!), mas com um fudum, um fudum tão brabo que estava difícil de aturar. Me perguntei há quanto tempo aquele cidadão estava sem banho. O que já estava difícil ( a falta de espaço era latente) ficou pior pelo aroma do cidadão, que estacionou bem ao lado da minha irmã (que quase desmaiou). Foi engraçado vê-la tentando se manter calma. A viajem continua. Começa uma discussão na frente do ônibus. Não consegui identificar quem estava envolvido ou o motivo, mas cheguei a pensar que ia sair porrada. Nessa hora, aparece sempre alguém com toda a moral do mundo (mas devidamente protegido pela segurança da distância entre ele a briga) para falar:
- Vamo pará com essa porra aí seus babacas!
Cá pro nosso lado, o espaço já estava tomado e minha irmã tomou a inicitiva de informar (enfaticamente) a quem se aventurava a passar para aquele lado que não havia mais espaço.
Em seguida, o ônibus parou no ponto do fiscal, e aí a coisa complicou. Para quem não sabe, os fiscais de hoje não anotam apenas a hora em que o ônibus passa no ponto (bons tempos aqueles...). Ao que parece, pelo tempo que eles demoram, eles têm de anotar uma quantidade interminável de dados (hora, quantidade total de passageiros, número da roleta, número do aparelho do Rio Card, número de passes gratuitos, números de passageiros em pé, número de passageiros sentados, nome e CPF de cada um e o diabo a quatro). Acho que só falta tirar foto do busão para comprovar que ele passou ali. Com essa demora toda, os passageiros começaram a ficar inquietos, e daí para começarem os xingamentos ao fiscal foi um pulo:
- ´Bora fiscal burro!
- Não sabe contar não imbecil?!?
- Vamos logo seu filho da p***!
- Vai perder o emprego!!!
Paralelo a isso, o fio da cigarra era constantemente puxado, fazendo um efeito de luzes até bonito no ônibus. Quando finalmente o fiscal terminou o seu livro e desceu, ocorre a cena mais insólita e engraçada: o cidadão da camisa do Flamengo (o mesmo da catinga) fez absoluta questão de mostrar o dedo para o fiscal, deixando bem claro a sua indignação e revolta com o ocorrido. Simplesmente impagável a cena!
Dando prosseguimento a saga, a cigarra continuou sendo puxada porque o motorista ia devagar: mesmo com um trânsito daqueles, nínguem perdoava! No meio da Av Brasil, na seletiva, o motorista pergunta:
- Alguém vai descer?
Até agora me pergunto se foi ironia dele ou não, mas foi o suficiente para o ônibus inteiro esculacha-lo:
- No meio da Av Brasil? É sua mãe que vai descer!
- Vai embora seu animal!
- Como é que alguém vai descer aqui, imbecil?
Mais alguns minutos de xingamentos e o silêncio finalmente volta a reinar. Nessa hora, surge o famoso "espírito de porco", que, para irritar o pobre condutor, dispara essa:
- Motorista, pára que eu vou descer!
Foi o suficiente para todo mundo cair na gargalhada, mesmo depois de tanto estresse.
No fim das contas, o baixinho fedorento mudou de lugar, a briga acabou, o motorista pode correr porque o trânsito melhorou (o que deu um descanso merecido para a cigarra) e o pessoal ficou mais calmo. Como meu ponto chegou, puxei a cigarra com muito cuidado para não causar mais nenhum problema. Afinal, o ônibus tava cheio de Carioca.
Peguei a condução de volta para casa do centro da cidade no fim da tarde e encontrei um ônibus já muito cheio. Como ia saltar bem antes do destino final, fomos (eu e minha irmã) para o fundo do coletivo (ainda se fala isso?). 1º problema: muita gente estava na mesma na mesma situação, e por isso a frente do onibus estava vazia, enquanto o fundo já estava abarrotado. Como não tinha jeito, lá ficamos. O tempo passou e mais gente foi chegando, até que veio um sujeito, camisa do Flamengo, baixinho, com pinta de pertencer a parte Norte do país (nada contra!), mas com um fudum, um fudum tão brabo que estava difícil de aturar. Me perguntei há quanto tempo aquele cidadão estava sem banho. O que já estava difícil ( a falta de espaço era latente) ficou pior pelo aroma do cidadão, que estacionou bem ao lado da minha irmã (que quase desmaiou). Foi engraçado vê-la tentando se manter calma. A viajem continua. Começa uma discussão na frente do ônibus. Não consegui identificar quem estava envolvido ou o motivo, mas cheguei a pensar que ia sair porrada. Nessa hora, aparece sempre alguém com toda a moral do mundo (mas devidamente protegido pela segurança da distância entre ele a briga) para falar:
- Vamo pará com essa porra aí seus babacas!
Cá pro nosso lado, o espaço já estava tomado e minha irmã tomou a inicitiva de informar (enfaticamente) a quem se aventurava a passar para aquele lado que não havia mais espaço.
Em seguida, o ônibus parou no ponto do fiscal, e aí a coisa complicou. Para quem não sabe, os fiscais de hoje não anotam apenas a hora em que o ônibus passa no ponto (bons tempos aqueles...). Ao que parece, pelo tempo que eles demoram, eles têm de anotar uma quantidade interminável de dados (hora, quantidade total de passageiros, número da roleta, número do aparelho do Rio Card, número de passes gratuitos, números de passageiros em pé, número de passageiros sentados, nome e CPF de cada um e o diabo a quatro). Acho que só falta tirar foto do busão para comprovar que ele passou ali. Com essa demora toda, os passageiros começaram a ficar inquietos, e daí para começarem os xingamentos ao fiscal foi um pulo:
- ´Bora fiscal burro!
- Não sabe contar não imbecil?!?
- Vamos logo seu filho da p***!
- Vai perder o emprego!!!
Paralelo a isso, o fio da cigarra era constantemente puxado, fazendo um efeito de luzes até bonito no ônibus. Quando finalmente o fiscal terminou o seu livro e desceu, ocorre a cena mais insólita e engraçada: o cidadão da camisa do Flamengo (o mesmo da catinga) fez absoluta questão de mostrar o dedo para o fiscal, deixando bem claro a sua indignação e revolta com o ocorrido. Simplesmente impagável a cena!
Dando prosseguimento a saga, a cigarra continuou sendo puxada porque o motorista ia devagar: mesmo com um trânsito daqueles, nínguem perdoava! No meio da Av Brasil, na seletiva, o motorista pergunta:
- Alguém vai descer?
Até agora me pergunto se foi ironia dele ou não, mas foi o suficiente para o ônibus inteiro esculacha-lo:
- No meio da Av Brasil? É sua mãe que vai descer!
- Vai embora seu animal!
- Como é que alguém vai descer aqui, imbecil?
Mais alguns minutos de xingamentos e o silêncio finalmente volta a reinar. Nessa hora, surge o famoso "espírito de porco", que, para irritar o pobre condutor, dispara essa:
- Motorista, pára que eu vou descer!
Foi o suficiente para todo mundo cair na gargalhada, mesmo depois de tanto estresse.
No fim das contas, o baixinho fedorento mudou de lugar, a briga acabou, o motorista pode correr porque o trânsito melhorou (o que deu um descanso merecido para a cigarra) e o pessoal ficou mais calmo. Como meu ponto chegou, puxei a cigarra com muito cuidado para não causar mais nenhum problema. Afinal, o ônibus tava cheio de Carioca.
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