A Elite do Cinema Nacional


Aproveito o repentino sucesso do filme "Tropa de Elite", ainda nem lançado nos cinemas, mas fartamente procurado no circuito underground do camelódromo no RJ, onde uma versão pirata rola desde o início de Agosto, para falar de cinema nacional. Sou honesto em reconhecer: não me convide para sair de casa para ir ao cinema para ver uma produção tupiniquim, que eu não vou nem amarrado. Se sou contra o cinema nacional? Até há algum tempo atrás eu era, mas alguns filmes me fizeram mudar de idéia, mas ainda não me emociono a ponto de sair de casa e assistir uma produção falada no nosso glorioso Português... é notório que muita gente pensa assim (basta checar os nossos números de bilheteria frente aos Blockbusters americanos), mas justificarei meu lado pelo menos.
Em primeiro lugar: não vamos falar aqui de Xuxa e Renato Aragão. Apesar de achar ambos datados, obsoletos e em decadência, ainda têm resquícios de um público infantil dos bons tempos que não os deixa na mão, apesar dos números de hoje não serem os mesmos do passado. Assim sendo, do que é constituído hoje o nosso cinema? As chanchadas de outrora deram lugar a filmes calcados na realidade nua e crua do dia a dia. É óbvio que o marco disso foi o flme "Cidade de Deus", que relatava a vida do bandido Dadinho (personagem esse detentor da frase mais marcante do nosso cinema: "Dadinho é o c******, meu nome é Zé Pequeno!") e a evolução do crime na Cidade de Deus. A realidade, a crueza dos fatos mostratos no filme elevou nosso cinema a outro patarmar, gabaritando-nos a fazer algo mais realista, envolvente, sem a apelação de mulher pelada e palavrão oriundas das chanchadas dos anos 70/80. Conclusão: filme com bandido, traficante, favela tem audiência. Só para confirmar minha teoria, vide a audiência da novela Vidas Opostas da Record, que trata exatamente do assunto...
Segundo Lugar: Comédia também tem ibope, ou melhor, audiência. O filme "Se Eu Fosse Você", foi visto por todo mundo, menos por mim. Eu até queria ver, mas quando chego na locadora e vejo um lançamento qualquer, me esqueço. Mas nos cinemas, o desempenho do filme foi bom e até acredito que ele seja legal, pois muitas poessoas me indicaram. Só tenho minhas dúvidas por conta do enredo mais do que manjado, claramente copiado de muita coisa já feita no cinema americano. Conclusão: comédia também tem seu mercado.
Entretanto, o mercado mundial não é feito só de comédia e criminalidade. Não será apenas com esses dois temas que vamos conseguir que mais pessoas abram mão de um filme blockbuster estrangeiro para ver um filme brasileiro, ou então que vejam os dois. Voltando ao Tropa de Elite, temos mais um filme não de polícia e bandido (isso é no cinema americano), mas de PM e traficante. Viram onde quero chegar? O filme nem saiu ainda e já um sucesso, mas trata de um tema já corriqueiro, que não nos acrescenta nada. Será que não temos capacidade de fazer um suspense, um filme de ação, um terror, um pastelão, mas que saiam do esquema fundo de quintal x produtora independente?
Só para completar a informação: Tropa de Elite, previsto para estrear em 12 de outubro (foi antecipada de Novembro para Outubro por conta da pirataria), contará a história de dois amigos de infância, Veja e Batista. Um que pertence à classe média e outro da classe baixa, filho de doméstica. Ambos realizam o sonho de infância de se tornarem policiais militares, dividindo o tempo entre as operações nos morros cariocas e as aulas numa faculdade particular. Decepcionados com a instituição, entram para o BOPE. Um deles morre em uma operação contra traficantes e o sobrevivente conta a história.Fato inédito no cinema brasileiro, o filme "Tropa de Elite", de José Padilha ("Ônibus 174"), recebeu um investimento de Hollywood de US$ 1,7 milhão (cerca de R$ 3,9 milhões). A produtora Weinstein Co. é a responsável pelo investimento. O roteiro foi concluído antes do livro "Elite da Tropa", recém-lançado.

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