Al Gore e "Uma Verdade Incoveniente"

Como eu havia comentado, fui assistir no Sábado ao documentário do Al Gore, o "Uma Verdade Incoveniente". Vencedor do prêmio Nobel da Paz e ganhador do Oscar, Gore mostra neste documentário todo o cataclismo ambiental que estamos enfrentando e o que está por vir, caso não façamos nada. Muito bem editado, com muita, mas muita informação mesmo sobre o assunto, Gore consegue traduzir números, estatísticas, gráficos, mapas, fotos e vídeos com clareza, de modo que a maioria das pessoas, com um mínimo de esclarecimento, tenha condições de entender tudo o que está se passando com o nosso planeta. Mesmo tão bem feito, vale a pena citar que Gore já obteve críticas de parte da ala científica, que alega serem exageradas suas afirmações. Independente disso, ao assistir o documentário, Gore deixa claro que domina o assunto e que encontra-se muito bem embasado em termos de informações, obtidas inclusive ao longo de sua passagem pela Casa Branca como vice-presidente dos EUA, na gestão de Bill Clinton. Ao citarmos a Casa Branca, citamos tambem o Calcanhar de Aquiles do documentário.

Na verdade, apesar de bem intencionado (quer melhor intenção do que salvar o planeta?) e bem feito, é impossível não enxergá-lo como uma campanha presidencial subliminar, se é que vocês me entendem. Senão, porque narrar toda a corrida presidencial de Gore ao disputar (e perder) a eleição contra George W. Bush? Por quê mostrar detahes de sua vida, sua infância, família (modelo, diga-se de passagem, bem ao estilo americano) , o drama vivido pelo seu filho pequeno, enfim, detalhes que agregam uma carga dramática e emocional desnecessária, pelo simples fato de não têm conexão direta com o assunto. É praticamente impossível, ao fim do filme, não nutrir extrema simpatia pela pessoa de Al Gore, enxergando nele, um grande exemplo. Mas não é bem assim... Gore nem sempre foi tão ético. Neste link, você pode ler uma reportagem do jornal O Globo sobre o Live Earth, organizado por Gore, onde é citado um episódio em que a política e o ambientalismo dele se misturaram com prejuízos ao planeta.

Daí fica a questão: Gore tem dois livros publicados sobre o assunto e iniciou sua cruzada ambiental em 1993, ao assumir a vice presidência. Nestes 14 anos, só ouvimos falar dele efetivamente a partir do "Uma Verdade Incoveniente" e em seguida pela organização do festival Live Earth. Em outras palavras, nem durante a sua gestão como vice de Clinton ele conseguiu ser tão atuante (ou pelo menos visto como atuante) como agora. Na minha concepção, esse "agora", nunca foi tão oportuno: Hillary Clinton pode ser a próxima a ocupante da Casa Branca caso se confirmem as expectativas. Nesse caso, Gore teria aí uma aliada de peso que, somada com sua exposição atual (e consequente assimilição da sua imagem pelo público), o colocaria como favorito a presidência, no futuro.

Apesar de tudo, o documentário funciona e passa sua mensagem: se não nos cuidarmos, se não mudarmos nosso estilo de vida, não teremos futuro no planeta. Opções, temos muitas, mas esbarramos na política (olha ela aí de novo!), no Capitalismo e na falta de entendimento entre os Governos. Segundo Gore, não podemos esperar muito para fazer algo. Segundo os obstáculos que temos de enfrentar, vamos levar muito tempo.
No fim do documentário, há um link de site (em Inglês) para acessar, saber mais e ajudar. Não custa nada checar: http://www.climatecrisis.net/

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