Até Para os Heróis o Tempo Passa

O tempo é implacável. Junto com a morte, ele significa algo com o qual a humanidade não encontrou meio de alterar, manipular ou interromper. Sua passagem é contínua e afeta a todos nós, em todos os sentidos. Para alguns, isso fica mais evidente; para outros, imperceptível, seja pela mão de um médico, seja pela vida regrada ou por pura sorte... E ainda existem aqueles que conseguem ser comparados a um bom vinho: quanto mais velhos, melhor. Mas nem todos tem a mesma sorte, e nem sabem lidar bem com as mudanças que ele nos impõe. Se para nós, meros mortais a coisa é difícil, imagine para aqueles que precisam se manter imutáveis: os artistas de cinema. Pior: artistas de cinema cuja carreira sempre foi focada em filmes de ação.

Não assisti o filme ainda, mas vi nas locadoras o novo Rocky, intitulado simplesmente "Rocky Balboa", onde o veterano Sylvester Stallone encarna novamente um de seus mais famosos personagens. Além dele, outra reincarnação sua muito famosa está prestes a estreiar nos cinemas daqui: Rambo (4). Nada disso seria de estranhar se Stallone não estivesse apenas com 61 anos de idade, há 26 anos de distância do primeiro Rambo e 30 do primeiro Rocky. Como não vi os filmes ainda, não vou tecer nenhum comentário, mas uma coisa fica clara: duas ressurreições de personagens fora das telas há pelo menos 18 anos (o último Rambo data de 1988 e o último Rocky de 1990) só pode significar que a carreira está em declínio, sem a perspectiva de algo diferente. Pelos fotos, mesmo com todo o trabalho muscular, Stallone já aparenta o peso da idade, o que dificulta convencer alguem da validade do trabalho. Filmes de ação, apesar de não demandarem exímios atores, necessitam pelo menos de alguém que consiga convencer na brutalidade, força, perícia, agilidade e etc. Basta dar uma checada na foto acima se o vovô Stallone ainda pode se enquadar neste perfil.

Outro das antigas que sentiu o peso da idade (literalmente, pois está gordo pacas) foi o mestre de artes marciais Steven Seagal. Famoso pelas sequências alucinantes de luta corporal, hoje não consegue fazer um décimo do que fazia. Do alto dos seus 56 anos, Seagal engordou e ao mesmo tempo reduziu a sua capacidade de fazer filmes atraentes. Não que seus filmes fossem um primor, mas tinham enredo suficiente para sustentar toda a sua ignorância na hora de bater nos caras maus, além dos tradicionais tiroteios e perseguições. Com mais de 30 filmes nas costas, teve seu auge entre 1988 e 1992, onde seus 5 primeiros filmes forma muito bons (quem não assistiu "Fúria Mortal", não sabe o que está perdendo!). Como sua característica básica sempre foram as lutas corpo a corpo, Seagal não hesitava em quebrar braços e pernas sem a menor pena, e não faze-lo hoje tirou todo seu encanto. Seus filmes hoje são muito ruins, sem estória decente e nenhuma luta legal para se ver. Quer confirmar? Veja "Força de Ataque" (Attack Force, 2006) e aprenda como se faz um filme ruim.

Jean-Claude Van Varenberg, ou Van Damme para os íntimos, é um que, mesmo mais novo, já foi para o saco há muito tempo. Aos 47 anos de idade, Van Damme já não sabe o que é um filme decente há muito tempo, além de ter em seu currículo alguns trabalhos simplesmente ridículos, como o medonho "Street Fighter", de 1994. Famoso também pela habilidade marcial, Van Damme conseguiu estagnar sua carreira antes de Steven Seagal, tendo bons momentos apenas em 3 filmes: "O Grande Dragão Branco" (1987), "Soldado Universal (1992) e "Timecop"(1994). O resto de seusn filmes se limita a requentar fórmulas antigas, sem sucesso.

Na minha opinião, apenas um ator dessa época conseguiu se manter bem, seja em termos de carreira, seja em termos físicos para atuar no gênero: Arnold Schwarzenegger. Embora tenha encerrado (será?) sua carreira em 2003 com "Exterminador do Futuro 3" e tenha se tornado um político de sucesso, até onde atuou não fez feio. Antes do Exterminador 3, seus filmes ainda eram legais e tinham boas estórias. Apenas um filme seu não me agrada, "True Lies" de 1994. O resto, é show de bola. Hoje com 60 anos, Arnold Schwarzenegger se encontra num ponto em que não poderia retornar as telonas, pelo menos para o gênero de ação. Como ele não é exatamente um ator digno de um Oscar, onde se usa mais atuação do que os músculos, acredito que ele não volte mesmo e se mantenha na política.

Dos anos 80, acredito serem esses os nomes mais significativos e que, infelizmente, já não significam tanto hoje. Entretanto, souberam ganhar dinheiro neste filão de mercado, diferente das promessas de hoje, como The Rock e Vin Diesel, que ao lado de grandes filmes, já começaram a cometer equívocos. Mas disso eu falo outro dia...

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