Beijing 2008: O Bronze é Nosso!!!


As Olimpíadas já estão perto do fim, e como já existe uma tonelada de sites e blogs na internet falando dos jogos, achei melhor registrar aqui apenas as minhas impressões do país, das competições, dos resultados, da participação do Brasil, enfim, um balanço geral, digamos assim. Uma coisa é certa: esses jogos na China já ficaram marcados como os mais exóticos que já vi até hoje, uma vez que tudo no lugar tem sua cota de peculiaridade, estranheza (pelo menos para nós, ocidentais) e de cultura, algo milenar e muito respeitado até hoje. Some-se a isso a posição econômica que o país desfruta hoje (a 2ª maior do mundo, atrás apenas dos EUA) e espetáculo de estrutura proporcionado por isso e que foi dado antes, durante e no com certeza será no fim, caso encerramento seja tão magnífico quanto a abertura foi.

A China segue seu crescimento estrondoso no meio de um dilema: desenvolver-se sem se contaminar pela cultura do Ocidente. Como falei acima, lá as tradições falam mais alto e, mesmo com todos os avanços, existem limitações impostas seja pela cultura e pelo sistema ditatorial imposto pelo governo. Como exemplo, a própria Internet que é monitorada e censurada, com a veiculação apenas do que não seja ofensivo ao Governo ou transgressivo frente a cultura Chinesa. Não foram poucos os problemas enfrentados pelas delegações e todos os que se dispuseram a assistir aos jogos pessoalmente, em meio ao que podiam ou não fazer, ver, falar, usar e etc. Outro detalhe impressionante foi o esforço dos Chineses em serem receptivos, inclusive com treinamentos de idiomas, recepção e torcida (!), tudo para agradar aos visitantes.

Em termos de estrutura, os Chineses, sem querer, nos mostraram o quanto fomos incompetentes em organizar aquele Pan aqui. A vila olímpica ficou um espetáculo: linda, bem equipada, efetivamente pronta (o que não houve aqui), bastando dizer que quem comprou um dos apartamentos aqui ainda está tendo dor de cabeça (o próprio ex-jogador Romário é um deles). Alem disso, os estádios foram construídos com planejamento e também ficaram prontos a tempo, isso sem falar na arquitetura de vanguarda, como o Ninho do Pássaro e o Cubo D’Água, simplesmente espetaculares. O mais engraçado de tudo é ver o nosso digníssimo presidente, depois deste espetáculo de organização – coisa que nada tem haver conosco, Brazucas – querer sediar aqui, em 2016, os mesmos jogos...

E falando em “Brézil”, mais uma vez a gente ganha mais Bronze do qualquer coisa, e quem ganha algo diferente disso, torna-se imediatamente, um herói nacional. Acho isso simplesmente uma pena, além de uma injustiça. Digo isso porque é notório que não existe incentivo ao esporte no Brasil, e a grande maioria dos esportistas que participam destes jogos treinam e competem por conta própria, sem incentivo nenhum externo. E aí o cara batalha sozinho, rala sozinho e quando ganha, aí a vitória é do Brasil!!! Pelo que acompanhei até agora, mais uma vez tivemos um desempenho pífio (2 Ouros apenas), com até as grandes promessas perdendo em algum momento da competição e voltando de mãos vazias para casa. Até mesmo o tão propagado futebol pentacampeão foi um fracasso, amargando um mero bronze, depois de tomar um pau da Argentina. Particularmente, achei um barato, pois não é de hoje que temos uma seleção de mercenários, não de jogadores de futebol. De um modo geral, fica óbvio (mais uma vez) que o resultado no esporte se faz com duas coisas: treino e paixão. Olhando super potências no esporte como EUA e China, fica a certeza que é desde cedo que se forma um atleta. Fazendo isso, também se desenvolve o gosto e a paixão, tão necessários para a superação dos limites e de obstáculos. Bem diferente da percepção que se tem por aqui, onde dificilmente se tem educação física em uma escola pública, que dirá esporte propriamente dito. Com um cenário desse, como ganhar 30 medalhas de ouro?

Apesar dos pesares, fiquei meio chateado por que não pude acompanhar os jogos face o horário invertido (noite aqui, dia lá), principalmente pelas prova de ginástica, que acho um barato. Ponto positivo para a transmissão na TV aberta, que também foi feita pela Band, nos deixando livres da famigerada Globo. Aliás, a Globo montou uma presepada tremenda para estes jogos, principalmente por conta de um quadro interativo que os apresentadores usam ao longo das reportagens, simplesmente sem necessidade e relevância alguma... Isso sem falar em Galvão Bueno, insuportável como sempre. Só gostaria que as olimpíadas durassem um pouco, pelo menos até o fim do ano, para que ele ficasse longe da fórmula 1... Sonho meu!

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