O Sarney, a Vanusa e o Hino
Aproveitando esta data cívica de merda (desculpem a minha sinceridade, mas qual é a independência que celebramos hoje?), gostaria de falar aqui sobre dois fatos que, aparentemente, nada têm haver um com outro: a epopéia do Senador José Sarney e a escorregada de Vanusa ao cantar o Hino Nacional em um evento em São Paulo. Se analisados corretamente, chegamos à conclusão que ambos estão muito relacionados – mesmo sem nenhum vínculo aparente – mas que são sintomáticos no que se refere ao cidadão brasileiro e seu jeito de viver.
O senador Sarney, já há algum tempo, é o personagem principal da novela que se segue no Senado, onde mais um mar de lama e corrupção é descoberto, com a velha ladainha de que a solução para todos os problemas desse tipo é o acusado renunciar. Se puxarmos pela memória (coisa que o Brasileiro definitivamente não tem), veremos que esta solução foi a adotada em quase 100% dos casos em que algum político é descoberto em alguma situação ilícita, onde bastou os acusados sairem de cena e dos holofotes da imprensa para depois, julgados ou não, retornarem mais tarde com a cara mais lavada do mundo ao cenário político. Um dos melhores exemplos do universo é o do senador Fernando Collor, que por coincidência, também andou aparecendo no meio desse rolo, ainda que indiretamente. Mesmo sabendo disso, uma dúzia de imbecis, famosos e não famosos, começou uma campanha chamada “Fora Sarney”. Então a solução é essa, tirar o Sarney? Tudo vai mudar? A resposta é não. Por dois motivos simples: 1º) Sarney é o sustentáculo que resta a Lula em manter o PMDB e seu apoio. Com a proximidade das eleições presidenciais – estamos a penas a pouco mais de um ano delas, para quem não sabe – Lula vai precisar mais do que nunca do apoio do maior partido do país, uma vez que sua candidata Dilma Rousseff não tem o mesmo carisma e apelo popular que ele tem. Obviamente, este apoio tem o singelo preço que é a manutenção de Sarney na presidência do Senado; 2º) Mesmo que Sarney saísse e entrasse ao alguém puro e imaculado, nada se resolveria, e por uma simples razão que o povo brasileiro parece teimar em não entender: o problema são todos eles, nas duas casas em si, e não só o presidente de uma delas. O problema é a fortuna que se gasta em manter deputados e senadores que nada fazem, a não ser consumir as verbas públicas em benefício próprio. Recentemente li um artigo muito interessante na revista Rolling Stone (Edição nº 34 / Julho 2009) chamado “Senado: Criação Antidemocrática”, escrito pelo Jurista Dalmo Dallari, onde ele coloca de maneira brilhante a história de Senado e Câmara, mostrando a inutilidade da existência de ambos no contexto da política atual. Lendo o artigo, entende-se as razões da criação dessa estrutura na Europa do séc 14, mas que elas de nada servem hoje, principalmente aqui no Brasil. O atigo coloca que apenas uma delas nos atenderia, obviamente sem o inchasso de pessoal e gastos desnecessários que temos hoje. Vale a pena ler e pedir, em vez de “Fora Sarney!”, pedir “Fora à nossa alienação!”.
Mas onde é que a Vanusa cantando o Hino Nacional dos Bêbados entra nisso? Bom, primeiramente, o vídeo não é para rir, e sim chorar. O vídeo está circulando direto na rede e o tom é de chacota, mas na verdade ele revela o quanto somos descolados/alienados do civismo, patriotismo e conseqüentemente da política. Nem de longe, a execução do Hino Nacional poderia ser assumida por uma pessoa sem condições de fazê-lo. O maior erro dessa mulher não foi ter feito o que fez em função dos remédios que alega ter tomado, mas em ter aceitado fazê-lo mesmo sabendo que não tinha condições. Percebem a gravidade? Foi o Hino Nacional do País, que toca tanto em pequenas cerimônias solenes aqui, quanto em eventos grandiosos no exterior: não importa onde e como, ele representa uma nação. Entretanto, não se tem essa noção aqui, pois ele sequer é ensinado nas escolas. Por conta disso, nossa população, na sua grande maioria, não consegue passar do “Ouviram do Ipiranga...”. Hoje mesmo assisti em um programa de televisão um concurso sobre quem conseguiria cantar todo o Hino Nacional, sem erros. Milagrosamente, até onde assisti, uma pessoa apenas conseguiu, mas o restante... Se o básico da cidadania é saber o hino (pelo menos penso assim), não é difícil entender a alienação do povo brasileiro em não fazer nada ao se deparar com as constantes situações de corrupção na política brasileira. Ou então, quando resolve fazer algo, o faz clamando pela solução errada.
Isto é apenas a ponta do icerbeg da nossa falta de civilidade e envolvimento social, que só aflora em época de Copa do Mundo. Ainda somos omissos e não acompanhamos, como em outros países, o que os politicos fazem. Com isso, os nossos conseguem chegar na TV e dizer na cara dura que não se importam com a opinião do povo. Estão errados? Claro que não, pois esta opinião não tem absolutamente peso nenhum no julgamento deles. Triste, mas verdadeiro.
O senador Sarney, já há algum tempo, é o personagem principal da novela que se segue no Senado, onde mais um mar de lama e corrupção é descoberto, com a velha ladainha de que a solução para todos os problemas desse tipo é o acusado renunciar. Se puxarmos pela memória (coisa que o Brasileiro definitivamente não tem), veremos que esta solução foi a adotada em quase 100% dos casos em que algum político é descoberto em alguma situação ilícita, onde bastou os acusados sairem de cena e dos holofotes da imprensa para depois, julgados ou não, retornarem mais tarde com a cara mais lavada do mundo ao cenário político. Um dos melhores exemplos do universo é o do senador Fernando Collor, que por coincidência, também andou aparecendo no meio desse rolo, ainda que indiretamente. Mesmo sabendo disso, uma dúzia de imbecis, famosos e não famosos, começou uma campanha chamada “Fora Sarney”. Então a solução é essa, tirar o Sarney? Tudo vai mudar? A resposta é não. Por dois motivos simples: 1º) Sarney é o sustentáculo que resta a Lula em manter o PMDB e seu apoio. Com a proximidade das eleições presidenciais – estamos a penas a pouco mais de um ano delas, para quem não sabe – Lula vai precisar mais do que nunca do apoio do maior partido do país, uma vez que sua candidata Dilma Rousseff não tem o mesmo carisma e apelo popular que ele tem. Obviamente, este apoio tem o singelo preço que é a manutenção de Sarney na presidência do Senado; 2º) Mesmo que Sarney saísse e entrasse ao alguém puro e imaculado, nada se resolveria, e por uma simples razão que o povo brasileiro parece teimar em não entender: o problema são todos eles, nas duas casas em si, e não só o presidente de uma delas. O problema é a fortuna que se gasta em manter deputados e senadores que nada fazem, a não ser consumir as verbas públicas em benefício próprio. Recentemente li um artigo muito interessante na revista Rolling Stone (Edição nº 34 / Julho 2009) chamado “Senado: Criação Antidemocrática”, escrito pelo Jurista Dalmo Dallari, onde ele coloca de maneira brilhante a história de Senado e Câmara, mostrando a inutilidade da existência de ambos no contexto da política atual. Lendo o artigo, entende-se as razões da criação dessa estrutura na Europa do séc 14, mas que elas de nada servem hoje, principalmente aqui no Brasil. O atigo coloca que apenas uma delas nos atenderia, obviamente sem o inchasso de pessoal e gastos desnecessários que temos hoje. Vale a pena ler e pedir, em vez de “Fora Sarney!”, pedir “Fora à nossa alienação!”.
Mas onde é que a Vanusa cantando o Hino Nacional dos Bêbados entra nisso? Bom, primeiramente, o vídeo não é para rir, e sim chorar. O vídeo está circulando direto na rede e o tom é de chacota, mas na verdade ele revela o quanto somos descolados/alienados do civismo, patriotismo e conseqüentemente da política. Nem de longe, a execução do Hino Nacional poderia ser assumida por uma pessoa sem condições de fazê-lo. O maior erro dessa mulher não foi ter feito o que fez em função dos remédios que alega ter tomado, mas em ter aceitado fazê-lo mesmo sabendo que não tinha condições. Percebem a gravidade? Foi o Hino Nacional do País, que toca tanto em pequenas cerimônias solenes aqui, quanto em eventos grandiosos no exterior: não importa onde e como, ele representa uma nação. Entretanto, não se tem essa noção aqui, pois ele sequer é ensinado nas escolas. Por conta disso, nossa população, na sua grande maioria, não consegue passar do “Ouviram do Ipiranga...”. Hoje mesmo assisti em um programa de televisão um concurso sobre quem conseguiria cantar todo o Hino Nacional, sem erros. Milagrosamente, até onde assisti, uma pessoa apenas conseguiu, mas o restante... Se o básico da cidadania é saber o hino (pelo menos penso assim), não é difícil entender a alienação do povo brasileiro em não fazer nada ao se deparar com as constantes situações de corrupção na política brasileira. Ou então, quando resolve fazer algo, o faz clamando pela solução errada.
Isto é apenas a ponta do icerbeg da nossa falta de civilidade e envolvimento social, que só aflora em época de Copa do Mundo. Ainda somos omissos e não acompanhamos, como em outros países, o que os politicos fazem. Com isso, os nossos conseguem chegar na TV e dizer na cara dura que não se importam com a opinião do povo. Estão errados? Claro que não, pois esta opinião não tem absolutamente peso nenhum no julgamento deles. Triste, mas verdadeiro.
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