domingo, 24 de agosto de 2008

Aroeira em Beijing







Beijing 2008 (!) Londres 2012 (!) Brasil 2016 (?)


Acabaram-se há pouco os jogos de Pequim, numa cerimônia de encerramento tão espetacular quanto a de abertura. Sinceramente, volto a questionar se temos condição de arcar em 2016, como querem nossas autoridades, com uma competição de tanta importância e seriedade, como é uma olimpíada. São apenas 8 anos para termos a estrutura, a cultura, a segurança, a educação e tudo mais que não construímos em 508 de existência, coisa que nos distingue dos demais países e ainda nos relega ainda ao 3º mundo. É uma realidade, e é notório que eventos deste porte representam muito dinheiro em turismo e muita exposição mundial, sendo essa a grande razão para sediar algo assim por aqui. Todos ainda se lembram (ou pelo menos deveriam lembrar) da roubalheira e má organização que foram os jogos do Pan, aonde até um atleta (deficiente) chegou a morrer ao ser encaminhado para um hospital público. É claro que os jogos de Pequim tiveram falhas e algumas enganações, mas os jogos em si foram muito bem organizados e, apesar de eventuais problemas ocorridos, transcorreram muito bem. Vamos ver até onde a ganância do Brasileiro vai chegar.

Nosso resultado em termos de medalha (3 Ouros, 4 Pratas e 8 Bronzes = 15 Medalhas) foi inferior á Grécia em 2004 (5 Ouros, 2 Pratas e 3 Bronzes = 10 medalhas) se visto pelo Ouro (que é o que interessa, certo?), mas superior se computado o total geral. O Brasil confirma, contudo, uma trajetória descendente em seu movimento olímpico, uma vez que obteve 15 medalhas em Atlanta (1996) e 12 (nenhuma de ouro) em Sydney (2000). Esse é mais um fator a ser analisado: para que sediar um evento desse sem ter competitividade? Como fazer um evento voltado ao esporte mundial se não há investimento e incentivo aqui? Contando as 4 Olimpíadas citadas, temos uma média de 13 medalhas (Total / por Olimpíada). Como usar isso contra uma China, por exemplo, que teve agora 51 medalhas só de Ouro?!?

Essas perguntas serão respondidas em parte daqui há 4 anos em Londres, nas Olimpíadas de 2012, onde com certeza faremos as mesmas apostas de hoje (se não há investimento, não renovação...), contando que elas consigam se virar até lá. Ou vocês acham que o César Cielo, que não vai ganhar um tostão sequer pelo Ouro que conseguiu, vai esperar ajuda de alguém?

sexta-feira, 22 de agosto de 2008

Beijing 2008: O Bronze é Nosso!!!


As Olimpíadas já estão perto do fim, e como já existe uma tonelada de sites e blogs na internet falando dos jogos, achei melhor registrar aqui apenas as minhas impressões do país, das competições, dos resultados, da participação do Brasil, enfim, um balanço geral, digamos assim. Uma coisa é certa: esses jogos na China já ficaram marcados como os mais exóticos que já vi até hoje, uma vez que tudo no lugar tem sua cota de peculiaridade, estranheza (pelo menos para nós, ocidentais) e de cultura, algo milenar e muito respeitado até hoje. Some-se a isso a posição econômica que o país desfruta hoje (a 2ª maior do mundo, atrás apenas dos EUA) e espetáculo de estrutura proporcionado por isso e que foi dado antes, durante e no com certeza será no fim, caso encerramento seja tão magnífico quanto a abertura foi.

A China segue seu crescimento estrondoso no meio de um dilema: desenvolver-se sem se contaminar pela cultura do Ocidente. Como falei acima, lá as tradições falam mais alto e, mesmo com todos os avanços, existem limitações impostas seja pela cultura e pelo sistema ditatorial imposto pelo governo. Como exemplo, a própria Internet que é monitorada e censurada, com a veiculação apenas do que não seja ofensivo ao Governo ou transgressivo frente a cultura Chinesa. Não foram poucos os problemas enfrentados pelas delegações e todos os que se dispuseram a assistir aos jogos pessoalmente, em meio ao que podiam ou não fazer, ver, falar, usar e etc. Outro detalhe impressionante foi o esforço dos Chineses em serem receptivos, inclusive com treinamentos de idiomas, recepção e torcida (!), tudo para agradar aos visitantes.

Em termos de estrutura, os Chineses, sem querer, nos mostraram o quanto fomos incompetentes em organizar aquele Pan aqui. A vila olímpica ficou um espetáculo: linda, bem equipada, efetivamente pronta (o que não houve aqui), bastando dizer que quem comprou um dos apartamentos aqui ainda está tendo dor de cabeça (o próprio ex-jogador Romário é um deles). Alem disso, os estádios foram construídos com planejamento e também ficaram prontos a tempo, isso sem falar na arquitetura de vanguarda, como o Ninho do Pássaro e o Cubo D’Água, simplesmente espetaculares. O mais engraçado de tudo é ver o nosso digníssimo presidente, depois deste espetáculo de organização – coisa que nada tem haver conosco, Brazucas – querer sediar aqui, em 2016, os mesmos jogos...

E falando em “Brézil”, mais uma vez a gente ganha mais Bronze do qualquer coisa, e quem ganha algo diferente disso, torna-se imediatamente, um herói nacional. Acho isso simplesmente uma pena, além de uma injustiça. Digo isso porque é notório que não existe incentivo ao esporte no Brasil, e a grande maioria dos esportistas que participam destes jogos treinam e competem por conta própria, sem incentivo nenhum externo. E aí o cara batalha sozinho, rala sozinho e quando ganha, aí a vitória é do Brasil!!! Pelo que acompanhei até agora, mais uma vez tivemos um desempenho pífio (2 Ouros apenas), com até as grandes promessas perdendo em algum momento da competição e voltando de mãos vazias para casa. Até mesmo o tão propagado futebol pentacampeão foi um fracasso, amargando um mero bronze, depois de tomar um pau da Argentina. Particularmente, achei um barato, pois não é de hoje que temos uma seleção de mercenários, não de jogadores de futebol. De um modo geral, fica óbvio (mais uma vez) que o resultado no esporte se faz com duas coisas: treino e paixão. Olhando super potências no esporte como EUA e China, fica a certeza que é desde cedo que se forma um atleta. Fazendo isso, também se desenvolve o gosto e a paixão, tão necessários para a superação dos limites e de obstáculos. Bem diferente da percepção que se tem por aqui, onde dificilmente se tem educação física em uma escola pública, que dirá esporte propriamente dito. Com um cenário desse, como ganhar 30 medalhas de ouro?

Apesar dos pesares, fiquei meio chateado por que não pude acompanhar os jogos face o horário invertido (noite aqui, dia lá), principalmente pelas prova de ginástica, que acho um barato. Ponto positivo para a transmissão na TV aberta, que também foi feita pela Band, nos deixando livres da famigerada Globo. Aliás, a Globo montou uma presepada tremenda para estes jogos, principalmente por conta de um quadro interativo que os apresentadores usam ao longo das reportagens, simplesmente sem necessidade e relevância alguma... Isso sem falar em Galvão Bueno, insuportável como sempre. Só gostaria que as olimpíadas durassem um pouco, pelo menos até o fim do ano, para que ele ficasse longe da fórmula 1... Sonho meu!

Vídeo da Semana: "Raoul and The Kings of Spain" Tears For Fears


Taí uma banda da década de 80 que até hoje eu curto sem enjoar, pois sempre mostrou um talento acima da média. Apesar de serem uma banda Pop, o Tears For Fears sempre fez música de bom gosto (quem não se lembra de “Woman In Chains”, belíssima balada que toca até hoje em FM´s de música light) e mesmo estando meio sumidos (apesar de um retorno em 2003), sua obra tem muita relevância. Com a carreira iniciada em 1983 e diversos sucessos na bagagem, a banda - na verdade uma dupla, formada por Roland Orzabal (voz e guitarra) e Curt Smith (Voz e Baixo) - desfrutou do sucesso até o início da década de noventa, onde se separaram por divergências musicais. O clip em questão já é da fase seguinte, onde Orzabal seguiu sozinho com o Tears For Fears por dois discos. “Raoul and The Kings of Spain” abre o segundo (e homônimo) disco dessa fase, sendo uma belíssima canção realçada pelos poderosos vocais de Orzabal (que sempre se destacou por isso) e pela melodia bacana. O disco é de 1995, e mesmo com 13 anos, essa música ainda bate muito sucesso de FM hoje em dia.


terça-feira, 12 de agosto de 2008

Era Uma Vez Democracia...


Pode parecer loucura, mas adoro época de eleição. Sei que já dei a entender que detesto política e políticos, mas se depois da eleição o brasileiro sempre se ferra, antes dela ele se diverte. Tal qual ratos de um bueiro em dia de enchente (olha que analogia sensacional!), em época de eleição vemos sair, do nada, políticos há muito desaparecidos, nomes que nem lembrávamos, pessoas que sequer sabíamos que ainda existiam e pior, que ainda vem pedir o seu voto! O mais incrível é que, após surgir do nada, onde não estavam fazendo absolutamente nada, aparecem criticando a tudo e a todos pelas mesmas coisas que eles nunca cumpriram, e de quebra com todas as soluções para todos os problemas. A demanda de gente boa que vai resolver o meu, o seu, o nosso problema é tanta que ficamos na dúvida em quem merece mais o nosso voto!

Me impressiona como o ritual sempre se repete, e o povo não se cansa disso, não dando um basta. Ainda sou a favor de que ninguém fosse votar no dia da eleição, só para ver o que ia acontecer. É claro que aqui é Brasil, e se daria um jeito de fazer valer a eleição de qualquer modo, mas pelo menos a população teria dado seu recado. Nosso sistema eleitoral é tão bagunçado, mas tão bagunçado que não me recordo aonde, mas em uma localidade neste Brasil, largada ao Deus dará, ninguém precisaria votar porque só haverá um único candidato a prefeito, e bastará o voto do próprio para que ele ganhe a eleição... Em outra região, soube de uma história há pouco tempo em que um vereador ou deputado (não lembro) assumiu o cargo sem ter tido um único voto sequer... Distorções como essas só são possíveis em país que se preocupa mais em ter um sistema informatizado de ponta para validar mais rapidamente a farsa eleitoral do que uma legislação coerente que legitime todo o processo democrático. Some-se a isso um povo sem memória e consciência de sua cidadania, voto de cabresto (sim, ele ainda existe), candidatos com ficha criminal e temos a Democracia (?) Brasileira.

Mas a diversão de que falei acima, em meio a essa pouca vergonha já tradicional, vem na forma do horário eleitoral. É claro que se fossemos um país sério, jamais isso aconteceria, de fato teríamos candidatos sérios para avaliar, e não os humoristas que volta e maia surgem na telinha (se alguém ainda consegue duvidar disso, basta assistir ao vídeo abaixo, simplesmente lamentável...). Entretanto, como nada muda, só nos resta rir. E agora, a diversão ainda aumentou, pois também é hilário assistir aos políticos em campanha, aqui no Rio de Janeiro, tentando acessar ao (esquecido) povo morador das favelas sem conseguir, pois agora os traficantes e milicianos criaram currais eleitorais, onde só os seus candidatos podem ter acesso. É imoral, é vergonhoso, é ridículo, mas não deixa de ser engraçado ver os caras reféns da criminalidade que eles mesmos, apesar de sempre prometerem, nunca efetivamente combateram. É impressionante ver as autoridades indignadas com estes fatos, enquanto os candidatos são convidados “gentilmente” a ser retirarem das comunidades. Sinceramente, não sei onde vamos chegar...

A verdade é que as eleições estão apenas começando, e ainda tem muita baboseira para rolar. No meio disso tudo, os sensacionais debates na TV são simplesmente imperdíveis, uma vez que a lavação de roupa suja atinge limites estratosféricos. Isto até alguém perder e começarem as coligações entre as dezenas de partidos que nós temos – outro disparate da nossa “Democracia” – onde os inimigos de ontem, são os melhores amigos de amanhã... E ainda dizem para escolhermos com cuidado... VOTO NULO NELES!!!


sexta-feira, 8 de agosto de 2008

Vídeo da Semana: "On and On" Raven


Este vídeo tem uma história muito engraçada para mim, que remete aos anos 80. Na época, era muito difícil conseguir um disco (LP, lembrem-se, pois CD ainda não existia) de qualquer banda que fosse. Os álbuns importados eram uma fortuna e quase nada era lançado no Brasil. Neste cenário desolador, este grupo em questão (teoricamente) era uma das coisas mais pesadas que eu e um amigo meu de Rock n´Roll já havíamos visto e ouvido até então. De vez em quando passava o clip na TV e isso só servia para aguçar a nossa curiosidade. Além disso, o histórico dos Ingleses do Raven era impressionante, já com alguns discos clássicos na bagagem. O único detalhe era que, no fatídico ano de 1984, ano em que o disco “Stay Hard” saiu, a banda havia assinado com uma gravadora grande, a Atlantic Records. Ou seja: gravadora grande significa, muitas das vezes, uma forçada de barra para vender mais, com as bandas comercializando seu som. E com o Raven não foi diferente, pois a banda tornou seu som mais acessível, distanciando-se do Rock visceral que a caracterizava até então. Não foi difícil para nós concluirmos que “Stay Hard” era um álbum fraco, focado no mercado americano (que na época venerava bandas com Motley Crue, Poison, Cinderella e outras mais), que “On and On”era a única faixa que se salvava de todas do disco e pior: havíamos jogado dinheiro fora! O vídeo é cômico, quase Trash (prestem atenção nas caretas que os músicos fazem!), mas o som é maneiríssimo! On and On!!!